- 03Dez2020
- Atualidade
Salário de Portuguesas Foi Particularmente Afetado Pela Pandemia
Esta é a conclusão de um estudo desenvolvido pela Organização Internacional do Trabalho.
Os longos meses vividos sob uma pandemia abriram espaço para uma crise económica que assombrou quase todos os setores. Porém, esta não afetou todos por igual. De acordo com o Relatório Global sobre os Salários 2020/2021, levado a cabo pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), as mulheres foram quem sentiu um maior impacto nos seus salários, devido às consequências da propagação do novo coronavírus. Este cenário é visível em especial na Europa, da qual Portugal se destaca negativamente ao apresentar as maiores perdas na massa salarial entre os 28 países europeus analisados.
Ainda que, como mostra o documento, ambos os géneros tenham sido amplamente afetados pela pandemia em território nacional, as mulheres viram os seus ordenados decrescer de forma mais acentuada. Nos primeiro e segundo trimestres deste ano, verificou-se uma queda de 16% nos salários do sexo feminino, enquanto se registou 11,4% no outro género. A Portugal, segue-se Espanha (menos 14,9% nos ordenados das mulheres e 11,3% dos homens), França (13,1% e 7,7%) e o Reino Unido (12,9% e 6,8%). Do outro lado do espetro, com reduções salariais baixas – sendo estas inferiores a 3% -, surgem a Croácia, Países Baixos, Suécia e Luxemburgo.
O porquê deste cenário
Este impacto desproporcional nas massas salariais dos géneros feminino e masculino terá sido «causada principalmente pela redução das horas de trabalho, mais do que pela diferença entre o número de lay-offs», além do elevado número de encerramentos de empresas e consequentes despedimentos, penalizando mais as mulheres, uma vez que estão sobrerrepresentadas nos setores mais afetados pela crise.
Pandemia veio perpetuar desigualdades de género
Não só ao nível económico, como emocional e da saúde mental, a pandemia veio acentuar o binómio mulher/homem. Divulgado já em outubro, o estudo Life with Corona avançava que o stress, em casa, afeta de modo desproporcional o sexo feminino. Independentemente do tamanho da família, «os níveis de tensão domiciliária» são superiores no caso das mulheres, face aos seus pares, notando-se um aumento em lares com três membros ou mais.